TDAH em crianças: Neurofeedback como treinamento cerebral

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno que aparece na infância e pode acompanhar o indivíduo por toda a sua vida. Este tipo de transtorno em crianças é um problema que preocupa pais, familiares, professores e profissionais envolvidos com o tema, tais como: pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, psiquiatras, neurologistas entre outros.

De acordo com o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), aproximadamente 9% das crianças entre 02 a 17 anos de idade (1).

O TDAH é caracterizado pela falta de atenção e/ou concentração, impulsividade e hiperatividade. A desatenção se manifesta em comportamentos como dificuldade em manter a atenção nas tarefas,  dificuldades em seguir instruções ou regras, a cometer erros por descuido, a perder coisas desnecessariamente, esquecer-se de atividades diárias, deixar tarefas inacabadas, dificuldades para se se organizar, relutar em fazer tarefas que exijam esforço mental constante. A hiperatividade pode ser vista como excesso de energia e, a impulsividade refere-se a ações precipitadas que podem causar algum dano ou prejuízo a pessoa (DSM – V).

Estudos apontam ainda que, crianças com TDAH podem apresentar baixo desempenho escolar e muitos destes, podem apresentar dificuldades sociais e desenvolver ainda prejuízos profissionais.

Esse tipo de transtorno em crianças pode ser despercebido; pode ser observado como comportamento indisciplinado ou até mesmo, visto como falta de educação nas ações, atitudes e atividades realizadas.

A escola é o local onde a criança passa boa tarde de seu tempo, é também onde ela é estimulada a desenvolver suas funções; onde é observada e avaliada pelos professores e funcionários, aqueles que estão convivendo com a mesma durante o horário escolar.

Por isso que geralmente nas escolas, as crianças com o TDAH passam a ser identificadas, pois são vistas como aquelas que demostram com frequência ou regularidade, comportamentos de inquietude, impulsividade, desatenção nas atividades realizadas ou falta de interesse nas atividades propostas. Apresentam assim, prejuízos significativos ao seu desenvolvimento infantil.

Conforme observados a intensidade, forma e prejuízos no desenvolvimento infantil, a escola muitas vezes relata os pais e/ou responsáveis.

O diagnóstico é confirmado então por médico especialista.  Pode ser feito em conjunto com outros profissionais, através de testagens e avaliações neuropsicológicas, sessões lúdicas e terapêuticas.

O tratamento tradicional baseia-se no uso de medicamentos, entretanto 30% dos pacientes não respondem a medicação, e ainda, podem sofrer algum efeito colateral da medicação, tais como: perda de peso, irritabilidade e insônia, o que os impedem de manter a medicação. (3)

Por isso, técnicas alternativas ao tratamento tradicional tem ganho crescente interesse internacional. Um dos tratamentos que tem mostrado beneficio é o Neurofeedback (NFB).

Sessão de Treinamento da tecnologia de Neurofeedback  alemã , a mesma tecnologia utilizada na Clínica Higashi

O Neurofeedback e um treinamento que visa o autocontrole das ondas cerebrais, a fim de treinar o paciente para controle da atenção e também da hiperatividade.

Recentemente (2018), um estudo publicado pela Revista Europeia de Psiquiatria em Adolescência & Crianças, demonstrou através de um estudo de revisão e meta-analise que, o Neurofeedback teve melhora comparado a medicação, entretanto, sem os efeitos colaterais da medicação com resultado mais duradouro e a longo prazo (4).

Outro estudo, publicado pelo Departamento de Psiquiatria e Adolescência da Universidade de Frankfurt na Alemanha,  demonstrou crianças com TDAH, separadas aleatoriamente, em dois grupos um recebendo 25 sessões de Neurofeedback e outro grupo recebendo tratamento que simulava o NFB (placebo), neste estudo foi demonstrado que as crianças que receberam o tratamento com o NFB tiveram uma melhora considerável da atenção e da impulsividade, comparado aos que tiveram o tratamento simulado (placebo). (5)

No Brasil, em 2016, a Clínica Higashi, sob a direção do Dr. Rafael Higashi, médico, mestre em medicina e neurologista, é a pioneira no Brasil a utilizar a tecnologia Alemã de Neurofeedback com aparelho TheraPrax Neurocomm, o qual é certificado pela Comunidade Europeia (CE) e clinicamente aprovado em protocolos internacionais.

O Neurofeedback surgiu a partir de princípios da neuropsicologia, por volta de 1960. Uma década depois, ele foi utilizado como método terapêutico para redução de ataques epiléticos em pacientes. Em 1980, o método foi utilizado para investigar aplicações em crianças com TDAH e os resultados obtidos foram animadores.  Em 1999, foi lançada a primeira monografia dedicada ao Neurofeedback.  A partir de então, o Neurofeedback começou a ser utilizado para outros tratamentos como: ansiedade, depressão, insônia, dor crônica. (6)

O treinamento se dá por percepção de estimulo, que informa quando o cérebro atinge ou não o objetivo através das ondas cerebrais.  Se o paciente apresentar distração, o equipamento vai trabalhar em função da atenção. Se ele apresentar ansiedade, o equipamento trabalhara com ondas de padrões de estabilidade, visando diminuir a ansiedade ou o estresse. É importante ressaltar que o NFB não é invasivo e sem contraindicações.

Com crianças, o atendimento é realizado de forma espontânea e lúdica, ou seja, utilizando o brincar, que é meio natural de auto expressão da criança. Desta forma, o treinamento de Neurofeedback é visto pela criança como um jogo, onde ela tem o objetivo de “atingir pontos”.

Através desse “jogo”, a criança e capaz de desenvolver importantes funções executivas, ou seja, um conjunto de habilidades que permitem o desempenho de ações, emoções e comportamentos. E ainda, se torna capaz de resolver problemas, desenvolver autoconfiança e autoestima. Antes de iniciar o tratamento, é importante definir corretamente, através de consulta com um especialista. Este avalia se pode ou não ser indicado o tratamento com o Neurofeedback, baseado em falhas de tratamento anteriores, co-morbidades e objetivos específicos. Caso indicado o tratamento, será definido um protocolo personalizado contendo o numero de sessões e a duração de cada sessão. As sessões são realizadas conforme protocolo individual.

Referências: