A dor de cabeça, também chamada de cefaléia, é um problema muito comum. Por vezes, a frequência e a intensidade das dores de cabeça podem afetar a rotina da pessoa, causando prejuízos em sua qualidade de vida.

No entanto, certos tipos de dores de cabeça têm características bastante diferentes. Algumas são dores pulsáteis e intensas, com manifestações de fotofobia (dificuldade de olhar para a luz) e de fonofobia (rejeição aos ruídos, especialmente aos mais agudos). Há também a dor de cabeça cervicogênica que começa na nuca (fig. 1), atinge o topo da cabeça e desce para os olhos; a dor ligada à inflamação das mucosas que revestem os seios da face nos processos de sinusite (fig. 2) e as terríveis dores de cabeça relacionadas com o nervo trigêmeo, o maior nervo craniano. (fig. 3).

figura 1

figura 2

figura 3

Existem mais de 150 tipos de dores de cabeça. Eles são divididos em primários e secundários.

Cefaléia primária: ela pode ser o principal sintoma de uma condição na qual não são identificadas alterações estruturais, metabólicas, tóxicas ou infecciosas como causa. Sua origem reside em alterações bioquímicas cerebrais, podendo ser determinadas geneticamente. Elas costumam se repetir com regularidade. São exemplos de cefaléias primárias a enxaqueca, a cefaléia do tipo tensional, a cefaléia em salvas, dentre outras.

Cefaléia secundária: quando a dor de cabeça é consequência de lesões, doença ou outras alterações, elas são classificadas como cefaléias secundárias. Entre as causas estão sinusites agudas, infecções do sistema nervoso ou sistêmicas, tumores, problemas cervicais e muitas outras.

Embora as cefaléias primárias tragam incômodos ao indivíduo, é nas cefaléias secundárias que podem ocorrer sequelas graves (ex: rompimento de aneurisma cerebral, hemorragia tumoral, acidente vascular isquêmico e etc)  e podem ser prevenidas ou tratadas de maneira adequada com a orientação médica do neurologista.

O tratamento das cefaléias se encaixa em duas categorias principais: aguda e preventiva (profilática). Em sua maioria, os casos de cefaléias são tratadas com medicação e acompanhamento, mas muitos pacientes apresentam efeitos colaterais da medicação ou são refratários, ou seja, não têm resposta a medicação.

Entre os tratamentos preventivos da enxaqueca a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) tem sido estudada como uma nova técnica, já conhecida na França e Estados Unidos, a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) que chega como mais uma abordagem de tratamento das cefaléia primárias permitindo a exploração, ativação ou inibição das funções cerebrais, de maneira segura, específicaz, não invasiva e indolor. O método consiste em através de um campo magnético gerado por uma bobina estimular o cérebro de forma dirigida, atravessando os tecidos, que gera uma fraca corrente elétrica capaz de provocar alterações na atividade das células nervosas (1)(2). O pulso magnético ativa as células neuronais mantendo o efeito a longo prazo, o que pode gerar benefícios no tratamento das cefaléias.

Os estudos tem demonstrado eficácia nos seguintes tipos de dores de cabeça: enxaqueca com aura, enxaqueca sem aura, enxaqueca sem aura por uso abosivo de analgésico, enxaqueca na menstruação e cefaléia tensional.

Um estudo realizado na Universidade de Verona, na Itália, em 2012. Foram acompanhados 277 indivíduos com enxaqueca com e sem aura e 193 indivíduos do grupo de controle durante 1 ano. Foram feitas 25 sessões, 1HZ de 110% do Limiar motor, duratente 30 minutos no Cótex Visual do lado afetado. Houve uma melhora significativa em 67% dos pacientes nos pacientes com enxaqueca logo no início do tratamento e em 28% a melhora significativa ocorreu nas últimas sessões.(3)

Outro estudo feito na França em 2010, pela Université de Liége, com um grupo de 40 indivíduos, onde, 18 saudáveis sem história pessoal e familiar de dor de cabeça e 22 com enxaqueca (sendo 11 sem aura e 11 com aura). Acompanhados no período de 1 ano e meio com 20 sessões aplicadas todos os dias e manutenção a cada 15 dias em 1Hz de 100% do Limiar Motor, durante 25 minutos no Cótex Visual do lado afetado. A melhora foi de 77% dos pacientes com dores de cabeça e não houve efeitos colaterais nos pacientes saudáveis e a longo prazo, depois de 3 meses de manutenção do tratamento, houve 96% de controle da cefaléia.(4)

Campo magnético (extensão e intensidade) induzida por bobina em forma de oito.(5)

Outro estudo feito na Université de Liège, na França, em 2010, comparou dois protocolos, um de baixa freqüência (1 Hz) e outro de alta freqüência (10 Hz), ambos no Córtex Visual a 100% do Limiar Motor. Foram feitas 3 sessões por semana com duração de 30 minutos para baixa freqüência e 40 séries para alta freqüência, no período de de janeiro a maio ( duração de 5 meses). O período de aplicação de manutenção do tratamento foi repetido na primeira seqüência depois de 4 meses e na segunda seqüência de 5 meses. Selecionou-se 10 indivíduos sadios e 24 indivíduos com migrânea com e sem aura. O estudo monstrou que o protocolo aplicado de baixa freqüência (1Hz) obteve maior resultado no tratamento preventivo com o controle das crises a longo prazo.(6) Veja os gráficos abaixo (figura 4):

Figura 4 –  Mudanças após a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) na amplitude do primeiro bloco (microvolts acima), adaptação (%, no meio) e declive (parte inferior) do componente N1-P1 do potencial evocado visual em três sessões a 1 Hz e 10 Hz repetido nos mesmos 34  indivíduos (10 saudáveis e 24 com cefaléia).

A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), segundo os estudos realizados em países da Europa e nos Estados Unidos, têm demosntrado maior eficácia no tratamento profilático da cefaléia (migrânea com aura, migrânea sem aura, enxaqueca sem aura por uso abosivo de analgésico, migrânea na menstruação na menstruação e cefaléia tensional) com protocolo de aplicação de estimulação magnética no Córtex Visual de baixa freqüência com 20 sessões inicias e posterior manutenção, podendo ser realizada de 3 vezes na semana  ou até todos os dias. 

O estudo do tratamento com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) no tratamento da dor de cabeça deve ser avaliado  por um médico neurologista que tenha experiência na área de neuroestimulação.

Mais informações sobre neurologia e Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva (EMT) fique à vontade para entrar em contato pelos telefones (21) 34398999 – Rio de Janeiro e (43) 23338744 – Londrina.

 

Referência Bibliográfica:

1.    Áfra J, Mascia A, Gerard P, Maertens de Noordhout A, Schoenen J. Interictal cortical excitability in migraine: a study using transcranial magnetic stimulation of motor and visual cortices. Ann Neurol 1998b;44:209-215.

2.    Áfra J, Proietti Cecchini A, Sándor PS, Schoenen J. Comparison of visual and auditory evoked cortical potentials in migraine patients between attacks. Clin Neurophysiol 2000a;111:1124–1129.

3.    Aguggia M, Zibetti M, Febbraro A, Mutani R. Transcranial magnetic stimulation in migraine with aura: further evidence of occipital cortex hyperexcitability. Cephalalgia 1999;19:465.

4.    Boroojerdi B, Prager A, Muellbacher W, Cohen LG. Reduction of human visual cortex excitability using 1-Hz transcranial magnetic stimulation. Neurology 2000b;54:1529-1531.

5.    FUMAL, A. Le rôle du cortex cérébral dans la physiopathologie des migraines:analyse par potentiel évoqué visuel et stimulation magnétique transcrânienne. Université de Liège, Faculté de Médecine, Unité de Recherche sur les Céphalées,Services de Neuroanatomie et de Neurologie – Pr. J. Schoenen, Service de Neurologie de la Citadelle – Pr. A. Maertens de Noordhout. 2012.

6.    Bohotin V, Fumal A, Vandenheede M, Gérard P, Bohotin C, Maertens de Noordhout A, Schoenen J. Effects of repetitive transcranial magnetic stimulation on visual evoked potentials in migraine. Brain 2002;125:912-922. (Bohotin V et Fumal A ont contribué de manière égale à ce travail)

 

Produzido por:
Andrea Nunes Higashi
Coordenadora de Educação e Pesquisa da Clínica Higashi – Neuroestimulação e Neurologia Rio de Janeiro e Londrina